Os 3 pilares de uma rotina saudável

Quais os principais fatores para o paciente ter uma rotina mais saudável?

Estabelecimento de hábitos saudáveis como mudança de vida

Muitos pacientes, ao chegarem no consultório e exporem sua rotina diária, mostram que não possuem um grande problema a ser tratado – como uma patologia, por exemplo – mas que hábitos não saudáveis não os deixam progredir no alcance de seu objetivo, seja ele qual for.

Uma rotina sem hábitos saudáveis é geradora de inúmeros problemas ao paciente, que muitas vezes nem se dão conta dos malefícios trazidos a partir de uma simples ação do dia a dia.

Para aumentar o número de pacientes satisfeitos com a rotina de vida, passando a valorizar a sua presença como profissional, é necessário entender quais são os pilares principais, que quando estabelecidos, culminam em uma mudança clara na qualidade de vida do indivíduo, que são: alimentação saudável, prática de atividade física e sono de qualidade.

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Os impactos de uma alimentação saudável

O aumento da população nos leva a um cenário que necessita atenção, onde a incidência de muitas doenças relacionadas a hábitos de vida cresce, como Diabetes Mellitus 2, câncer e doenças cardiovasculares. Essas doenças, crônicas e desenvolvidas no organismo ao longo de vários anos até que os sinais clínicos mais significativos se manifestem, estão diretamente relacionadas com a má alimentação dos indivíduos acometidos.

Além destas, a obesidade, considerada uma epidemia por tamanha multiplicação mundial de casos, está completamente relacionada a uma alimentação pobre em qualidade e rica em alimentos calóricos, que também estão relacionados com a modernidade, uma vez que mais e mais surgem produtos ultraprocessados no mercado e o marketing para compra é poderosíssimo.

Neste sentido, mudar o padrão de alimentação, adotando uma dieta equilibrada, com distribuição correta de macro e micronutrientes ao longo do dia e com ingestão hídrica adequada, melhora consideravelmente os parâmetros de saúde e doença do paciente.

Além disso, não é necessário estar com alguma patologia para tratar a alimentação como pilar fundamental na construção de qualidade de vida, uma vez que ela atua no crescimento e desenvolvimento saudável, manutenção da saúde, prevenção de doenças e confere energia e disposição para desempenhar as tarefas diárias, sem contar no benefício que traz para a estética, contribuindo com o estado nutricional eutrófico, boa aparência da pele, unha e cabelos, além de transmitir no indivíduo uma aparência de saúde, disposição e jovialidade.

A importância da prática de atividade física

Segundo o Ministério da Saúde, a diferença entre atividade física e exercício físico está no fato de que para ser considerada uma atividade física, basta a expressão de um comportamento corporal feito de forma consciente, ou seja, exclui as batidas do coração e os demais movimentos involuntários do corpo.

Portanto, a atividade física envolve as tarefas domésticas, de lazer e as envolvidas com a sua profissão. Já, o exercício físico ocorre quando a atividade física é planejada e estruturada com o objetivo de melhorar ou fazer a manutenção de componentes físicos – como a estrutura muscular, a flexibilidade e o equilíbrio – e geralmente é determinada por um profissional da educação física. Perceba então que todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade é um exercício.

É importante entender esses conceitos para que se consiga determinar um caso de sedentarismo, onde a prática de atividade física é muito baixa, onde o gasto energético total é proveniente quase todo do gasto energético basal, devido a não haver movimentação ativa.

Quando esse cenário é realidade, é comum observar diversos sintomas, como o excesso de cansaço, aumento de peso, falta de disposição para fazer atividades simples do dia a dia, recorrência de infecções, gripes e viroses, devido à baixa imunidade e problemas psicológicos, como ansiedade e depressão.

Além destes sinais mais genéricos, o sedentarismo – que geralmente está associado a uma má alimentação – desencadeia processos metabólicos graves, como redução da atividade da lipoproteína lipase, glicose muscular, atividades do transportador de proteínas, prejudicar o metabolismo lipídico e diminuir o metabolismo de carboidratos.

Além disso, diminui o débito cardíaco e o fluxo sanguíneo sistêmico enquanto ativa o sistema nervoso simpático, reduzindo a sensibilidade à insulina e a função vascular. Está associado, também, a inúmeras doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, câncer e obesidade, além de gerar complicações motoras, dependendo do nível de atividade física e fatores somados ao quadro.

Aumentar o nível de atividade física, comprovadamente e de forma muito bem estabelecida na comunidade científica e de saúde, gera maior disposição, melhora em quadros clínicos associados ao sedentarismo e possível desenvolvimento de doenças crônicas, impacta na saúde mental do paciente, além de contribuir para um estado nutricional saudável. Implementar atividades e exercícios físicos no cotidiano de uma pessoa pode ser desafiador, dado a movimentada rotina que os tempos modernos carregam, mas com certeza será o diferencial de sua intervenção!

Sono e qualidade de vida

Hábitos saudáveis de sono é o terceiro pilar da rotina saudável e deve ser difundido na clínica como essencial. Pacientes com uma dieta pobre em qualidade, sedentários e com hábitos de sono inadequados se encontram em grande sofrimento, uma vez que os efeitos dos três fatores – que por si só são geradores de inúmeros malefícios à saúde – estão unificados. Além deles, mesmo aqueles pacientes que têm prognóstico mais positivo, por ter uma boa alimentação e praticar atividades físicas regulares, podem sofrer consequências importantes se não tiverem hábitos de sono adequados.

O ciclo circadiano é um fator chave no que tange ao sono e qualidade de vida, uma vez que está relacionado com processos metabólicos e comunicação extraneuronal, que impactam em diversos fatores da vida, como disposição, emagrecimento, e níveis de saúde-doença. Acredita-se que o ritmo circadiano evoluiu de forma independente em um processo convergente para se adaptar e usar o ciclo geofísico diário para sobrevivência máxima e vantagem competitiva, pois, durante o dia é mais possível de se adaptar. O principal fator que controla o ciclo, além de temperatura e atividade física, é a luz.

A claridade do amanhecer estimula a liberação de cortisol, o hormônio responsável pela atenção e o ato de despertar. Ao anoitecer, inicia-se a produção de melatonina, o hormônio que induz ao relaxamento e ao sono, através de comunicações com outras substâncias do organismo. Entre os dois extremos, encontram-se os picos de energia e de cansaço, portanto, dormir em horários adequados, priorizando a noite, certamente fará com que as substâncias envolvidas nesse processo sejam melhores usufruídas pelo corpo, que não encontrará dificuldade de adaptação.

Além disso, o ciclo circadiano disponibiliza as enzimas dos processos digestivos nos horários das refeições e regula o metabolismo de acordo com o gasto energético necessário para cada momento, o que está diretamente relacionado com a alimentação e digestão dos alimentos da dieta, que podem tanto ser processos satisfatórios para a saúde e bem-estar, como negativos.

O que irá determinar, portanto, será o estabelecimento de hábitos de sono saudáveis, que prezam pela quantidade necessária e pela qualidade, envolvendo o local e a maneira que se dorme – sem ruídos, local escuro e em temperatura adequada.

Percebe como os 3 fatores estão associados entre si? É por isso que é importante, na prática clínica, ter propriedade para elucidar o indivíduo sobre a importância destes fatores, bem como ser capaz de ajudá-lo a implementar essa mudança de hábitos em sua vida.

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