Descubra como trabalhar com a nutrição durante a Menopausa

É possível ter mais qualidade de vida nessa fase da vida, e a nutrição pode ser uma estratégia chave!

Menopausa: alterações hormonais e sintomas clássicos

A menopausa, clinicamente falando, é diagnosticada após 1 ano sem ocorrência de menstruação, ou seja, a mulher não possui mais a capacidade reprodutiva devido a perda da função ovariana, e o que está por trás desse estado é uma intensa e importante alteração que acontece nos níveis hormonais. Antes do último ciclo menstrual já começam a ocorrer várias mudanças nos níveis hormonais, e a primeira delas que costuma ser considerada como um sinal de menopausa diz respeito aos níveis de FSH: um aumento além do que normalmente acontece na fase folicular costuma anteceder as alterações em todo o ambiente hormonal da mulher, e possivelmente está associado ao fato de que, quanto mais os folículos envelhecem, menor fica a sua capacidade de responder aos estímulos desse hormônio, fazendo com que seja necessário aumentar a sua liberação. E é justamente esse aumento que acelera ainda mais a maturação dos folículos, fazendo com que a perda de todos eles chegue ainda mais rápido.

No início da menopausa, uma grande parte das mulheres costuma manter um nível de estrogênio bastante parecido com o que existia quando ainda havia função ovariana. Mas, com o passar do tempo, esses níveis começam a cair progressivamente, levando ao surgimento dos principais sintomas que caracterizam essa fase da vida feminina: alterações no humor, distúrbios do sono, sintomas vasomotores (os “calorões” e o suor noturno), atrofia urogenital, mudanças no perfil lipídico, osteopenia, osteoporose, disfunção sexual, lesões na pele e aumento do risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, câncer, desordens metabólicas e obesidade.

Além das alterações no FSH e estrogênios, os níveis de SHBG (a globulina ligadora de hormônios sexuais) apresentam uma queda nessa fase, aumentando a quantidade de testosterona livre, podendo caracterizar um leve hiperandrogenismo. Esse perfil parece estar associado ao aumento da gordura visceral, devido à presença considerável de receptores para andrógenos nas células adiposas da gordura abdominal.

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A recomposição corporal na menopausa

Na menopausa, o corpo feminino sofre com uma importante recomposição corporal: aumento da gordura corporal total, dos depósitos de gordura visceral e do percentual de gordura, devido à concomitante perda de massa muscular. Essa redistribuição da gordura tem relação direta com o aumento dos riscos metabólicos, diminuição da taxa metabólica basal e instalação de um estado mais inflamatório.

Nesse contexto, a nutrição pode ser usada de forma avançada para melhorar a composição corporal, evitar deterioração da saúde óssea e muscular, ao mesmo tempo que proporciona alívio dos sintomas, trazendo mais qualidade de vida e longevidade. Em relação à alimentação, dois pontos devem ser levados em conta:

– Adequação do consumo calórico ao gasto energético e, caso esteja instalado um estado nutricional de obesidade, utilizar estratégias pertinentes à perda de peso.

– Uma alimentação rica em grãos e cereais integrais, frutas, vegetais, sementes e castanhas, fonte de compostos anti-inflamatórios e antioxidantes, com redução expressiva de processados e ultraprocessados, oferta elevada de gorduras insaturadas e aporte proteico adequado – similar ao que é caracterizado hoje como “Dieta Mediterrânea” – apresenta boas correlações com a melhora dos parâmetros lipídicos e de composição corporal nesse público.

Suplementações eficientes na menopausa

Especialmente em caso de excesso de gordura corporal, é muito provável que exista a deficiência de vitamina D entre mulheres na menopausa. Essa vitamina, que atua como hormônio, é primordial para a regulação da massa óssea, além de sua falta que está positivamente associada ao maior risco de hipertensão, doenças cardiovasculares, cânceres, infecções e doenças inflamatórias – as quais a própria menopausa já é um fator de risco. Pensando especialmente em saúde óssea e prevenção de fraturas, recomenda-se aliar a suplementação de vitamina D – com a dosagem a ser definida de acordo com os estoques atuais – ao cálcio (entre 1000 – 1200 mg/dia).

Outros nutrientes chave a serem considerados no contexto da menopausa são: o ômega-3, que exerce efeitos anti-inflamatórios, cardioprotetores e de sensibilização da insulina; vitaminas e compostos com características antioxidantes (vitaminas E/A/C e betacaroteno, flavonoides e isoflavonas da soja), já que a redução do estradiol também está associada à redução da atividade antioxidante; e o magnésio, que pode atuar tanto na melhora de parâmetros associados ao sono, como no metabolismo de energia e função da massa muscular.

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Referências bibliográficas

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