A microbiota intestinal é o conjunto das bactérias, fungos, protozoários e vírus que habitam o ecossistema intestinal. Esse campo, sem sombra de dúvidas, é um dos assuntos da nutrição mais comentados e ganha cada vez mais pesquisas com relação a sua riqueza, diversidade e metabolômica. Por sinal, sabe-se que diversos fatores podem impactar das mais diversas formas, dentre os quais, o ômega 3 pode influenciar na microbiota infantil.
Antes de entrarmos diretamente no assunto, é fundamental que você sabia que ao contrário do que se pensava anos atrás, evidências emergentes têm mostrado que a aquisição da comunidade microbiana na infância não começa no parto através do parto natural e amamentação subsequente, mas começa no útero, a partir de pesquisas que apontaram a presença da microbiota na placenta e no líquido amniótico. Desse modo, a alimentação da mãe pode influenciar no desenvolvimento da microbiota do bebê durante a gestação.
Além disso, a diversidade microbiana ao longo da infância é influenciada não apenas pelo tipo de parto. Também é pelo aleitamento materno exclusivo ou fórmulas, exposoma, uso de antibióticos e pela genética. No que se refere especificamente ao ômega 3, o primeiro estudo mais bem desenhado em bebês usando a tecnologia do sequenciamento genética de próxima geração, foi um estudo controlado randomizado, no qual 32 bebês nascidos prematuros com enterostomia foram randomizados para receber a terapia nutricional usual ou uma suplementação enteral de uma mistura de óleo de peixe e cártamo até anastomose intestinal, por 10 semanas.
Como resultado, o grupo suplementado com óleo de peixe apresentou maior diversidade bacteriana combinada com menor abundância de algumas bactérias patogênicas, como Streptococcus, Clostridium, e alguns gêneros da família Enterobacteriaceae, como Escherichia, Pantoea, Serratia e Citrobacter. Além disso, estudos mostraram que o ômega 3 e sua abundância na dieta, pode alterar a composição da microbiota intestinal em benefício da saúde da criança.
Em particular, o ômega 3 está ligado à importante via de ativação/inibição do sistema imunológico com micróbios intestinais que modulam perfis pró-inflamatórios. Assim, pode contribuir para a diminuição da tempestade de citocinas pró-inflamatórias quando há um processo infeccioso em curso, como você pode conferir no esquema abaixo. Portanto, o ômega 3 surge como opção potencial para a modulação da microbiota intestinal de forma a que a saúde intestinal esteja de modo mais adequado.
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Referências bibliográficas
Costantini L, Molinari R, Farinon B, Merendino N. Impact of ômega 3Fatty Acids on the Gut Microbiota.