Reduzir gordura ou aumentar massa muscular? É preciso priorizar?

“Reduzir gordura ou aumentar massa muscular: o que fazer primeiro?” Essa é uma dúvida muito comum, especialmente entre pessoas que estão começando a se engajar em um processo de recomposição corporal.

Não existe uma única resposta para essa questão. Essa é uma escolha que deve ser feita de forma individual, sob orientação de um profissional capaz de avaliar a composição corporal atual e definir qual estratégia será mais benéfica para a saúde em um dado momento. Vários pontos precisam ser considerados para garantir que o processo adotado esteja em consonância com o objetivo final, mas também com o caminho até chegar lá.

De uma forma geral, o aumento de massa muscular pode ser um aliado importante na perda de gordura, por ser um tecido que gasta energia para se manter e, assim, aumenta o gasto energético total do corpo, aumentando a tendência ao uso das reservas corporais. Mas em alguns casos, é preciso focar primeiro em reduzir o estoque adiposo, melhorar o estado metabólico, e só depois de perder alguns quilos, iniciar uma estratégia para aumentar a massa muscular com objetivo de otimizar o emagrecimento.

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A gordura corporal é armazenada no que chamamos de tecido adiposo, mas quando existe um excesso muito grande de gordura, ela acaba sendo depositada em outros órgãos, como os músculos, causando um quadro de lipotoxicidade. Naturalmente existe alguma quantidade de moléculas lipídicas na musculatura, mas quando começa a ocorrer a lipotoxicidade, o músculo, que é um tecido altamente sensível à insulina, para de responder com a mesma eficiência a esse hormônio. Esse tipo de condição é muito comum em casos de excesso de peso.

A insulina nos músculos, além de proporcionar a entrada da glicose que é utilizada para gerar energia, também gera o estímulo para que aconteça a síntese proteica e que a degradação de proteínas seja inibida, propiciando o aumento da massa muscular. Quando a musculatura não consegue ter eficiência para responder a esse hormônio devido à uma infiltração de gordura, esse processo fica prejudicado. Esse é um caso clássico em que a redução inicial de gordura corporal pode ser mais interessante.

Um parâmetro que pode auxiliar a perceber qual é a necessidade inicial no processo de recomposição corporal é o percentual de gordura. Esse valor representa o resultado da proporção da quantidade de massa gorda para os outros componentes corporais. Como o corpo de homens e mulheres estoca gordura de forma diferente, os percentuais “ideais” são diferentes entre os sexos.

No público feminino, é preciso levar em conta o momento reprodutivo: antes da menopausa, valores mais próximos de 20% (até por volta dos 24%) de percentual de gordura estão relacionados a um melhor perfil metabólico, sem alterações hormonais de maneira geral. Assim como percentuais mais altos podem acender um alerta de risco metabólico, valores muito abaixo podem provocar prejuízos para o sistema endócrino e afetar o ciclo menstrual. À medida que se avança na linha do tempo, valores de até 30% podem ser considerados, tendo em vista todas as mudanças que acontecem no metabolismo e predispõem um maior acúmulo de gordura.

Já para os homens, esperam-se valores de percentual de gordura entre 15% e 19%, pois o perfil hormonal masculino, quando saudável, está associado à menor acúmulo adiposo. De qualquer forma, para eles é mais fácil e menos preocupante do ponto de vista endócrino chegar a menores percentuais, mas sempre respeitando o limite e características individuais.

Quando o comprometimento metabólico está controlado e não existe uma quantidade muito excessiva de gordura, mesmo em pessoas que querem emagrecer, priorizar o ganho de massa muscular pode ser interessante tanto esteticamente falando, já que dão uma sensação visual de mais firmeza e redução da flacidez, quanto em questão de aumento do gasto energético, facilitando a posterior redução de gordura ou manutenção do nível atual.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ibrahim, M. M. (2010). Subcutaneous and visceral adipose tissue: structural and functional differences. Obesity Reviews, 11(1), 11–18. doi:10.1111/j.1467-789x.2009.00623.x

Bredella, M. A. (2017). Sex Differences in Body Composition. Advances in Experimental Medicine and Biology, 9–27. doi:10.1007/978-3-319-70178-3_2

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