Sabe qual é a melhor forma de lidar com o cansaço? Dormir bem!

Parece óbvio, né? Mas hoje em dia, quando as pessoas se sentem cansadas, fatigadas da rotina, ao invés de descansarem, optam por fazer uso de estimulantes, como a cafeína, o que acaba apenas perpetuando a sensação de cansaço. Esse comportamento está muito relacionado com a “pressão pela produtividade” imposta a todos nós na sociedade moderna, mas para poder produzir a longo prazo e com qualidade, é preciso descansar!

A importância do sono vai além do descanso e se expande para uma gama de processos como emagrecimento, melhora da cognição, prevenção de doenças metabólicas e degenerativas e ganho de massa muscular – apenas para citar alguns -, logo, quanto mais estratégias para potencializar a qualidade do sono, melhor!

Existe no cérebro, uma região chamada de Núcleo Supraquiasmático, que sincroniza os ritmos fisiológicos e comportamentais com os sinais externos resultantes do ciclo de 24 horas de um dia. Por exemplo, quando há luz, esse núcleo envia sinais para os “relógios” espalhados pelo corpo para que certas funções ocorram, enquanto outras deixam de ser realizadas. Já quando escurece, todo o organismo é preparado para o momento de dormir, e um dos processos que acontece é a estimulação para secreção de melatonina, pela glândula pineal.

Artigos relacionados

A melatonina é um importante regulador do sono. Seus níveis são elevados durante a noite, justamente pela sua produção ser estimulada pela falta de luz, e o desejo de dormir geralmente acontece 2 horas após os seus níveis começarem a aumentar no sangue. Esse hormônio atua promovendo mudanças no ambiente cerebral para induzir o sono. Considerando que existe uma redução fisiológica na produção de melatonina com o avançar da idade e também que distúrbios nos ciclos circadianos, em qualquer fase da vida, estão relacionados à maior risco de desenvolvimento de doenças metabólicas, a necessidade de um manejo terapêutico para melhorar a qualidade do sono e o alinhamento circadiano lançou luz sobre o uso da melatonina para tais fins.

Atualmente, de acordo com os resultados observados em estudos clínicos, seu uso é recomendado para tratamento de desordens primárias e secundárias do sono, como insônia; síndrome do atraso das fases do sono, síndrome do sono – vigília de não 24h, transtorno de turno de trabalho e jet lag.

A administração de melatonina exógena parece melhorar os desalinhamentos e amplitudes inadequadas do ciclo circadiano, diminuir o tempo de latência do sono, aumentar o tempo total dormindo e melhorar o efeito restaurador do sono.

Ademais, a associação de magnésio e inositol  resulta em uma suplementação que une dois componentes com potencial de atuar em diferentes “frentes” na melhora do sono.

O magnésio é um mineral que, além de funcionar como cofator de uma série de enzimas com diferentes funções no organismo, parece ser um importante regulador dos “relógios periféricos” que comandam o metabolismo celular e mantém o alinhamento de diferentes órgãos com o ciclo circadiano. A nível cerebral, é fundamental para a transmissão de informações entre neurônios e parece reduzir a excitabilidade do sistema nervoso central, atuando como agonista do GABA. Já nos músculos, está relacionado à indução do relaxamento e existem sugestões do seu uso no alívio de sintomas de ansiedade.

Em um estudo clínico randomizado realizado em população idosa com insônia, a suplementação de magnésio foi capaz de melhorar medidas subjetivas relacionadas ao sono como a qualidade, duração e tempo de latência, assim como foram observados aumento nos níveis de melatonina e redução nos de cortisol (hormônio do “estresse”, frequentemente associado à distúrbios do sono).

Já o inositol é um tipo de carboidrato que, entre outras funções, é considerado um marcador importante de células neurais conhecidas como astrócitos. De acordo com estudos pré-clínicos, disfunções desse tipo celular estão associadas a distúrbios no sono, sendo o seu uso uma possível estratégia terapêutica para atuação em regiões cerebrais envolvidas no processo do sono.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Potter, G. D. M., Skene, D. J., Arendt, J., Cade, J. E., Grant, P. J., & Hardie, L. J. (2016). Circadian Rhythm and Sleep Disruption: Causes, Metabolic Consequences, and Countermeasures. Endocrine Reviews, 37(6), 584–608. doi:10.1210/er.2016-1083

Roenneberg, T., & Merrow, M. (2016). The Circadian Clock and Human Health. Current Biology, 26(10), R432–R443. doi:10.1016/j.cub.2016.04.011

Artigos Relacionados

Sobre Nós

Reconhecemos a importância da atuação do profissional na busca pelo paciente do seu encontro com o equilíbrio. Acreditamos também na evolução por meio do conhecimento. Por isso, criamos esse canal para atualização constante do prescritor, a fim de sempre orientar com o que há de mais atual o seu paciente.