Exercício moderado melhora a imunidade – entenda o porquê!

São inúmeras as evidências que demonstram os benefícios de um estilo de vida fisicamente ativo para uma vida mais saudável. A melhora do manejo da dor, potencialização das funções musculares, cardiorrespiratória e metabólica, o aumento da qualidade do sono e de parâmetros cognitivos são alguns dos pontos que fazem com que a recomendação da prática física regular seja universal. Além disso tudo, o exercício físico moderado tem um papel importante na função imunológica!

O exercício físico é um estressor para o organismo. Isso significa que o corpo precisa ativar mecanismos para retornar a homeostase após praticarmos atividade física, visto que acontece produção elevada de energia, geração de radicais livres e desgastes de tecidos, como os músculos. Nesse sentido, uma resposta inflamatória aguda e controlada é importante para que mecanismos de reparação tecidual sejam ativados. Quando a inflamação se torna exacerbada e crônica é que vira um problema, sendo um importante fator de risco para diversas condições crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas não transmissíveis.

Quando o estímulo estressor do exercício físico é feito na intensidade adequada e se torna regular, acompanhado de nutrição e rotina de sono adequados, ocorre modulação da capacidade imune, aumentando a habilidade das células de perceber a presença de invasores e combatê-los eficientemente. Além disso, a cronicidade do exercício causa um shift no fenótipo de células imunes presentes no sistema nervoso central no sentido de uma natureza mais anti inflamatória, o que protege o cérebro do declínio cognitivo induzido pelo desgaste das estruturas cerebrais.

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Na realidade, a intensidade da prática física diz muito sobre os resultados que serão obtidos na função imunológica. Enquanto o exercício moderado estimula a imunidade celular, atividades muito intensas e prolongadas possuem o efeito contrário, diminuindo a capacidade imune de proteger o organismo e aumentando a suscetibilidade a infecções. No processo de recuperação de exercícios físicos muito intensos, ocorrem alterações já muito bem estabelecidas nas funções de tipos celulares pertencentes ao sistema imune como as células NK, neutrófilos, linfócitos T e B e macrófagos. Também acontece uma diminuição na liberação de anticorpos e as vias aéreas ficam mais propensas a processos inflamatórios. A alta incidência de infecções do trato respiratório em atletas de elite demonstra claramente a vulnerabilidade da capacidade imunológica decorrente de prática física excessiva, principalmente quando ocorre de maneira constante.

Já quando a rotina de exercícios envolve uma intensidade moderada, a resposta inflamatória diminui, se mantendo apenas nos níveis necessários para reparação de tecidos, e as células responsáveis pela vigilância contra patógenos como monócitos, por exemplo, aumentam seus níveis. A maior produção de hormônios com função imunomoduladora como o GH, prolactina, cortisol e adrenalina (os dois últimos de maneira aguda e equilibrada), a perda de tecido adiposo, o aumento da produção de miocinas anti inflamatórias e a diminuição controlada de ativação de células imunes, diminuindo respostas exageradas, são alguns dos mecanismos por trás dos benefícios obtidos com a prática física constante e moderada: melhora da resposta imunológica, aumento da capacidade antioxidante do corpo, redução do estresse oxidativo e potencialização da eficiência de produção de energia.

Dessa forma, o exercício físico regular e moderado é uma forma de aumentar a proteção do corpo contra infecções bacterianas e virais, além de melhorar a resposta imune aos patógenos e às vacinas.

 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Da Luz Scheffer, D., & Latini, A. (2020). Exercise-induced immune system response: Anti-inflammatory status on peripheral and central organs. Biochimica et Biophysica Acta (BBA) – Molecular Basis of Disease, 165823. doi:10.1016/j.bbadis.2020.165823

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