Posicionamento do Instituto Australiano de Esportes em relação ao Colágeno – o que mudou?

O colágeno é a proteína mais abundante no corpo e se encontra na matriz extracelular (o espaço existente entre as células) de diferentes tecidos: pele, ossos, ligamentos, vasos sanguíneos, tendões, entre outros. Sua estrutura propicia rigidez e suporte para os tecidos, além de ser essencial para possibilitar o movimento da locomoção. Além disso, o colágeno apresenta inúmeras outras funções biológicas tão expressivas que existe uma série de manifestações clínicas que podem ocorrer caso exista alguma mutação em genes que codificam a síntese dessa proteína e seu consumo pode ser um importante fator de proteção contra doenças crônicas. 

A superfamília dos colágenos é formada por 28 diferentes tipos, e nos tecidos ósseo, muscular e conjuntivo predomina o colágeno Tipo 1, formado principalmente pelos aminoácidos glicina, prolina, hidroxiprolina e hidroxilisina.

No posicionamento mais atual em relação ao colágeno, do Instituto Australiano de Esportes, alguns insights importantes sobre o seu uso no meio esportivo e outras condições de saúde foram trazidos à tona. 

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Durante o exercício físico, especialmente de alta intensidade, ocorre desgaste considerável do colágeno presente no tecido conectivo intramuscular. O próprio exercício estimula a ressíntese dessa proteína, porém, apesar de ser constituída principalmente por aminoácidos não essenciais, os níveis endógenos podem não ser suficientes para que a síntese proteica de colágeno aconteça de maneira adequada. Dessa forma, a potencialização da síntese dessa proteína, de extrema relevância para manutenção e construção do tecido muscular, pode ser obtida a partir da suplementação de peptídeos de colágeno. A presença dos di e tripeptídeos de peso molecular adequado, oriundos de suplementos obtidos pelos processos adequados de manufatura, sinalizam uma série de respostas no organismo, que parecem ir além da síntese de proteínas. A presença de ácido ascórbico (vitamina C) parece aumentar a eficiência de produção de colágeno no tecido conectivo, logo, uma dieta suficiente nesse nutriente intensifica os resultados obtidos pela suplementação.

O colágeno na forma hidrolisada apresenta melhor solubilidade em água e o peso molecular dos di e tripeptídeos obtidos no processo de hidrólise influencia a biodisponibilidade do suplemento. Pesos moleculares mais baixos estão relacionados à maior elevação dos níveis de aminoácidos sanguíneos após a ingestão, o que possivelmente resulta em efeitos mais expressivos de estímulo anabólico. As alegações de principal uso da suplementação de colágeno no universo esportivo giram em torno da possibilidade de sua atuação na prevenção e tratamento de injúrias do músculo, cartilagens, tecido conectivo e ósseo, assim como possível papel terapêutico em outras doenças degenerativas. O consumo após a prática física estimula a síntese proteica e pode ser um aliado na melhora da recuperação muscular. A glicina, um dos aminoácidos constituintes do colágeno, parece potencializar a resposta anabólica do músculo ao estímulo da leucina, mesmo em condições inflamatórias comuns no pós exercício.

Em relação à dose recomendada, os estudos, ainda incipientes, apontam para valores mínimos de 20g para que ocorra aumento da disponibilidade dos aminoácidos constituintes do colágeno na corrente sanguínea. Dependendo da frequência de uso, a suplementação pode auxiliar no alcance de diferentes objetivos.

O consumo diário é recomendado para auxiliar no manejo da dor de condições inflamatórias como a tendinite, devendo ser acompanhado de exercícios específicos para esse fim. Também pode ser um recurso para diminuir dores articulares, atuar como parte do tratamento e prevenção de doenças degenerativas e aumentar a força óssea, diminuindo o risco de fraturas. Essas funções reforçam a aplicabilidade dessa proteína também no grupo de idosos, que está em maior risco para condições degenerativas e fragilidade muscular e óssea. A ingestão feita até 1 hora antes do exercício parece suportar o turnover de colágeno, aumentando a disponibilidade de aminoácidos durante o momento de maior demanda e auxiliando no reparo e integridade dos tecidos. Imediatamente após o treino, o consumo da dose recomendada de colágeno auxilia na recuperação do tecido muscular, possivelmente diminuindo a dor muscular tardia. 

É importante considerar fatores individuais para garantir os melhores resultados a partir da suplementação de colágeno. O consumo habitual de proteína pode interferir no nível de digestão, absorção e disponibilidade de aminoácidos. Indivíduos que não têm o costume de consumir fontes de colágeno se beneficiam de maneira mais expressiva do uso de suplementos dessa proteína. Além disso, quanto maior a carga de treino, maior a necessidade de glicina, presente na constituição do colágeno. A massa corporal e a saúde óssea também são parâmetros que podem aumentar a necessidade individual do consumo de colágeno. 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Myllyharju, J., & Kivirikko, K. I. (2001). Collagens and collagen-related diseases. Annals of Medicine, 33(1), 7–21. doi:10.3109/07853890109002055

Bauer, J. M., & Diekmann, R. (2015). Protein supplementation with aging. Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care, 18(1), 24–31. doi:10.1097/mco.0000000000000124

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