Um fenômeno presente na fase de envelhecimento é a redução da quantidade e funcionalidade da massa muscular, geralmente acompanhada pelo aumento de tecido adiposo. Quando essa redução atinge nível patológico, instala-se um quadro chamado sarcopenia. Acompanha esse diagnóstico, um risco elevado para diversas comorbidades, aumentando o nível de hospitalização, principalmente por quedas e fraturas.
Então, surge o questionamento: a recomendação atual de proteínas é suficiente para idosos?
O principal componente de construção do tecido muscular são as proteínas. Esse tecido é extremamente dinâmico e alterna momentos de construção e degradação proteica. Para serem mantidos os níveis de massa muscular, existem recomendações nutricionais das quantidades de proteínas a serem ingeridas.
As recomendações proteicas se referem ao mínimo que deve ser consumido para manutenção da massa muscular e do balanço de nitrogênio, e costumam ser feitas com base em estudos que, muitas vezes, não consideram variáveis de idade e gênero e abarcam uma pequena parcela de indivíduos, que podem não ser representativos de toda a população.
Considerando que, mesmo com as recomendações mínimas necessárias, quadros sarcopênicos e outras condições metabólicas relacionadas à alimentação hipoproteica ainda são extremamente prevalentes, começaram a surgir dúvidas se tais valores de ingestão de proteínas eram realmente suficientes.
Diversos estudos clínicos e revisões acerca das recomendações de proteína para idosos demonstraram que os valores de 0,8g/kg/dia (ou 10 – 15% do total de calorias diárias) preconizados atualmente não são suficientes para suportar os níveis de síntese proteica necessários para manutenção do tecido somático muscular, visto que, em alguns casos, resultam em diminuição da massa de músculos.
A resistência anabólica, que corresponde a redução da resposta anabólica muscular à proteína ingerida, associada a uma série de condições catabólicas culminando em degradação da proteína muscular embasam as proposições de níveis proteicos maiores para idosos.
Com o envelhecimento, a capacidade de utilizar a proteína consumida parece diminuir e, com isso, a ingestão deve ser ajustada para atender as necessidades do organismo.
Apesar de algumas divergências na faixa exata de recomendação proteica, todos os estudos corroboram com o valor mínimo de 1,2g/kg/dia, e inclusive propõe que a cada refeição, doses entre 30 – 35g devem ser ofertadas visando maximizar a utilização da proteína ingerida.
Somam-se ao fenômeno natural de redução da massa muscular, menor prática de atividade física e uma redução do apetite e, consequentemente, da ingestão calórica. Nesse cenário, a ingestão proteica costuma ser bastante negligenciada e atingir os valores recomendados pode ser extremamente complicado.
Uma maneira segura e efetiva de aumentar o consumo de proteínas por idosos é a partir do uso de suplementos proteicos. A adoção dessa conduta deve considerar as alterações que acontecem no sistema gastrointestinal com o envelhecimento.
Fórmulas com melhor digestibilidade devem ser priorizadas nessa fase da vida. Além disso, o conteúdo de aminoácidos deve ser completo e com níveis elevados daqueles considerados essenciais, especialmente os de cadeia ramificada, por produzirem maiores estímulos de síntese proteica.
Grupos de cientistas que avaliaram o consumo de suplementos de proteína por idosos mostram resultados animadores de que esses produtos não causam o mesmo nível de saciedade vista em adultos, o que significa que o seu uso é um importante aliado para atingir os valores proteicos sem comprometer a ingestão de outros alimentos e nutrientes.
Além de eficiente, a estratégia da suplementação proteica é segura e aliada à prática regular de exercícios físicos é a melhor maneira de garantir o acréscimo de massa muscular necessário ao tratamento e prevenção da sarcopenia.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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